Minha experiência mais significativa com os livros foi com
aproximadamente 12 anos, no dia em que meus pais deram a mim e ao meu
irmão uma quantia em dinheiro para que fizéssemos o que bem
entendêssemos em um passeio pelo shopping. Meu irmão, sem pestanejar,
foi à loja de brinquedos e comprou o que mais lhe chamou a atenção e com
o troco, um sorvete. Eu, pelo contrário, queria algo que fosse só meu.
Que pudesse durar e me acompanhar por toda a vida e não só em um
intervalo numa praça de alimentação ou numa brincadeira ousada e
malsucedida como geralmente acontecia. Caminhei por algumas horas pelos
corredores de lojas até que me deparei com um belo livro numa vitrine.
Sempre me encantei com desenhos animados de Hércules e por sua
mitologia, e esse encantamento cresceu ainda mais ao encontrar aquele
livro sobre deuses, heróis e seres mitológicos em uma encadernação negra
com detalhes dourados. Estava certo de que queria tê-lo em minhas mãos.
O dinheiro não dava, mas pela escolha inusitada, meus pais resolveram
abrir uma exceção. Tenho o livro até hoje junto com dezenas de anotações
que fiz sobre seus personagens que tanto fizeram parte de minha
infância. Mas muito mais do que páginas preenchidas com belas histórias,
figuras e detalhes em dourado, carrego comigo uma experiência inenarrável e um anseio por voltar àquele lugar que até hoje considero
como sendo só meu.
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